Renovar é preciso

A cada dia, a cada momento, tudo se renova. O mundo está em constante desenvolvimento. As árvores trocam suas folhas a cada outono, a água está sempre trocando de estado, nossa pele se renova periodicamente e todos as noites morremos e renascemos na manhã seguinte. Tudo o que existe, portanto, está em transformação. É o eterno ciclo da natureza, se aperfeiçoando.

Todavia, para que algo novo surja, é preciso que o antigo ceda o espaço para ele. Antes de renascer, portanto, é preciso morrer. E é isto o que torna este processo de transformação tão doloroso: não é fácil abrir mão ou despedir-se daquilo que, por muito tempo, fez parte de nossa vida, que contribuiu para nosso crescimento, enfim… que supriu nossas necessidades.

Por isso, algumas vezes, nos pegamos segurando cartas, lenços, fotografias… revivendo uma memória, presos – de alguma maneira – ao passado. Talvez por isso nos demoremos em relacionamentos que já sabemos, não mais nos servem ou permanecemos em um emprego que não mais nos engrandece. Há uma relutância em deixar que tudo simplesmente passe. E assim, travamos batalhas homéricas com um adversário invencível e impiedoso: o tempo.

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. E quando este tempo se esvai, é preciso deixar que cada um tome seu rumo: seja uma pessoa, um emprego, uma cidade, um animal, um objeto… Ao compreender que o futuro é, muitas vezes, incompatível com o passado e que o nosso novo eu não mais se abastece na nossa velha existência, podemos alcançar a leveza do desprendimento ou desapego: o novo não chega, enquanto o velho não se vai. E aprendemos a abraçar aquilo que o hoje nos oferece, sem se esforçar para reter aquilo que está implorando pra ir embora.

É preciso, vez em quando, despir-se daquilo que você vem carregando a tanto tempo. Pesar seus hábitos, seus padrões de pensamento, de comportamento…. Isso ainda te serve? Isso serve a quem você quer ser?

Naturalmente, toda decisão envolve uma renúncia. Ao optar por uma coisa, estamos abrindo mão da outra. Logo, de alguma forma, estamos “perdendo” algo. Contudo, é preciso perder para ganhar. É preciso esvaziar o copo para preenchê-lo com um líquido novo. É preciso deixar-se morrer para que você possa renascer.

Sigamos em frente com coragem e , com a certeza de que  esta é a maior beleza da vida: a grama sempre nasce mais verde, a flor sempre renasce mais bela e nós, sempre renasceremos melhores do que fomos ontem. Só cabe a nós nos livrarmos daquilo que não nos serve mais, para que o novo possa entrar em nossas existências.